Ingrid Betancourt reencontra os filhos Melanie e Lorenzo no Aeroporto Militar de Catam, a oeste da capital Bogotá (Colômbia)I
"Estou muito orgulhosa deles, que lutaram sozinhos uma batalha lindíssima pela minha liberdade", disse Betancourt enquanto abraçava os filhos e recordava que a última vez que os tinha visto eles eram apenas umas crianças.
"Foi por meus filhos que segui com vontade de sair da selva", diz Ingrid ao reencontrar Melanie e Lorenzo
Das agências internacionais
"Dou graças a Deus por este momento, são meus pequenos, são meu orgulho, minha razão de viver, minha luz, minha lua, minhas estrelas, por eles segui com vontade de sair da selva, para poder voltar a vê-los", disse Ingrid Betancourt após reencontrar os filhos Melanie e Lorenzo, pela primeira vez, desde que foi seqüestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), há seis anos e meio.
* AFP
"Da última vez que vi meu filho, Lorenzo era pequenininho. Lembro-me de quando ficávamos brincando na cama e peço a ele que me perdoe porque mesmo agora que está tão grande ainda quero brincar", disse a ex-refém. "Tantas coisas que quero dizer-lhes", disse Ingrid.
O avião presidencial francês que levava Melanie e Lorenzo à Colômbia pousou por volta das 10h20 (horário de Brasília), no Aeroporto Militar de Catam, a oeste da capital Bogotá. Vestida de preto e acompanhada pela mãe Yolanda Pulecito e de seu marido Juan Carlos Lacompte, Ingrid subiu as escadas do avião e abraçou emocionada os filhos. Além dos filhos, no avião vindo da França viajaram a irmã da ex-senadora e o chanceler francês Bernard Kouchner.
Depois de terem permanecido alguns minutos no interior da aeronave, Ingrid e os filhos saíram abraçados e falaram aos jornalistas. A ex-refém das Farc levava um terço em uma das mãos. "É o momento mais forte de emoção da minha vida, finalmente ver minha mãe de novo. Tínhamos muito medo das operações militares, que houvesse sangue", disse Melanie. "Quando vi os reféns liberados em janeiro, em fevereiro, fiquei feliz por eles, mas mal podia esperar a hora que fosse a minha mãe e agora chegou essa hora."
Melanie e Lorenzo começaram a saudar a mãe desde as janelas do avião e disseram estar vivendo o melhor momento de suas vidas. "Sempre tememos um resgate militar, pelos riscos, mas agora que vivemos esta felicidade queremos aproveitá-la e vamos seguir lutando pela liberdade dos outros reféns", disse Melanie.
Ansiedade e alegria
Durante a viagem, os filhos de Ingrid Betancourt Melanie e Lorenzo disseram ser "intermináveis" as últimas horas antes do reencontro, mas que sentiam "uma alegria imensa". No Airbus A319, que serve o presidente Nicolas Sarkozy, o clima era de ansiedade e felicidade ao mesmo tempo. A presidência francesa anunciou que Ingrid deve voltar a bordo no mesmo avião para a França, chegando a Paris na sexta-feira à tarde.
Melanie e Lorenzo conseguiram dormir por algumas horas após a decolagem, de noite, do Aeroporto Militar de Villacoublay, perto de Paris. Ao decolar, Melanie, de 22 anos, disse que não conseguia acreditar. "Ainda estou em choque", disse ela. Depois de ter contido a emoção por um longo tempo, a garota estava a ponto de chorar. "As últimas horas são uma eternidade, mas estou como em uma núvem."
Ao seu lado, o irmão Lorenzo disse que era muito difícil explicar o que estava sentindo. Ele tinha 13 anos quando a mãe foi seqüestrada. Hoje tem 19. Foram mais de seis anos de espera e medo. "É uma alegria incrível", disse.
Nenhum dos dois conseguiu fazer contato com Ingrid Betancourt desde a sua libertação e por até por isso lhes pareciam "intermináveis" as quinze horas de vôo desde Paris, com uma rápida escala no Arquipélago dos Açores, em Portugal.
A bordo do avião viajaram vários médicos, entre eles Christophe Fernandez, médico-chefe do Palácio do Eliseu, que foi enviado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy para examinar Ingrid Betancourt.
"Ingrid pareceu estar em boa saúde, mas os reféns, quando são libertados, se encontram em um estado eufórico, que não necessariamente reflete o seu estado de saúde real", comentavam os médicos durante a viagem, segundo repórter da agência AFP.
Astrid Betancourt, irmã de Ingrid, relatou como soube da notícia. "Tudo começou na quarta-feira à tarde. Algumas pessoas do ministério colombiano da Defesa me telefonaram", disse. "Fiquei com medo, pois pensei que iam me pedir a autorização para lançarem uma operação militar." Esta era uma situação, segundo ela, que a família não queria que ocorresse, pois temia que as Farc matassem os reféns.
Às 16h30 (horário de Brasília), o ministro colombiano da Defesa informou, finalmente, em chamada ao celular de Astrid, que Ingrid havia sido libertada. "Eu tentei me conter, fiquei com as pernas trêmulas e chorei", contou ela.
Fabrice Delloye, ex-marido de Ingrid, contou aos filhos repetiu várias vezes, sorrindo: "o que aconteceu é um milagre".
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